segunda-feira, 29 de junho de 2015

Limbo

Diz-se que só é biologicamente possível estarmos apaixonados durante quatro meses. Que, passado esse tempo, ou deixamos de estar apaixonados, ou o sentimento passa a amor.
Há cinco anos que estou apaixonada por ti. Há cinco anos que sinto o mesmo, sempre ali no limbo entre o amor e o esquecimento, sempre inclinando ora para um lado, ora para o outro, mas mantendo-me sempre na corda bamba que é a paixão.
Como? Eu vou-me apaixonando “às pinguinhas”. Apaixono-me sempre que me beijas. Ou beijavas. Apaixonava-me sempre que pousavas a cabeça no meu ombro. Apaixonava-me sempre que me puxavas para ti, para dormir no teu peito. Apaixonava-me quando encomendavas uma pizza e te lembravas que eu gostava de ananás, cogumelos e bacon, mas não de chouriço. Apaixonava-me quando dizias “dá beijinho” e, se eu desse, comentavas logo “até te estou a estranhar”. Apaixonei-me quando te vi vestido para a gala, aquela que seria a última noite contigo. Apaixonei-me de todas as vezes que nos envolvemos no ritual que performamos tão bem juntos. Apaixonei-me por ti centenas de vezes, ao longo destes cinco anos.
É assim que me mantenho no limbo.
Pode ser que agora a paixão caia, finalmente, no esquecimento. Já vive há demasiado tempo. Mas algo me diz que me assombrará a vida toda, que acabará no dia que não vem. Ou não fôssemos nós o romance mais bonito que vivi. Não fosse este o amor da minha vida. 


M.

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