Dear John,
As relações acabam. As
pessoas mudam, afastam-se, têm necessidade do seu espaço. Acontece. E temos de
saber lidar com isso.
Sei que acabei as coisas
entre nós numa má altura e não propriamente da melhor forma. Sei que estavas
numa fase muito má, sei que te devia ter apoiado mais, sei que devia ter estado
mais presente. Mas, sabes?, eu sabia que não estavas sozinho. Eu sabia que ias
ficar bem, que tinhas amigos que te apoiavam e com quem estavas regularmente.
Apesar de tudo, e apesar do que pensas, preocupei-me contigo. E certifiquei-me
de que tinhas o que precisavas.
A verdade é que também eu
passava por uma fase má. Essa foi a parte que te escapou. A vida que eu
conhecia - e que adorava - acabou assim que comecei a trabalhar. A faculdade,
os amigos, as saídas à noite. Aquela rotina que já me estava entranhada, aquela
que era a minha segunda casa, tudo isso acabou assim que tive de me prender a
um trabalho que não gosto e que não é aquilo para o qual estive três anos a
estudar. Quando comecei a trabalhar, deixei de ter tempo para mim, deixei de
poder estar com os meus amigos frequentemente. Isolei-me. E no início resultou.
Nem me apercebi do que estava a acontecer, porque estava ocupada - física e
psicologicamente - com o maldito trabalho.
Um mês antes de ir de
férias, estava completamente em baixo. Sentia-me presa a algo que precisava de
me continuar a prender se queria ter a oportunidade de continuar a estudar. Não
me sentia bem no trabalho e todos os dias me custava imenso sair de casa.
Contava os dias para as nossas férias no Algarve. Sós.
Depois, chegaram os
problemas. A desilusão quebrou-me. A pressão acabou comigo. E a tua carência e
necessidade de atenção constante não ajudou.
Como sempre, isolei-me.
Só queria estar em casa.
Custava-me combinar coisas contigo porque sentia que estava a abdicar do meu
tempo sozinha. Mas quando quis sair, festejar o carnaval e relembrar o carnaval
anterior que tinha passado com as minhas (longínquas) amigas, não quiseste
sair. Sabias o que significava para mim, sabias que ias gostar e que te ia
fazer bem. Mas não fizeste nem um esforço. E tudo o que eu queria era um
pedacinho daquela vida que já não tinha e que tanta falta me fazia...
Acusas-me de ter sido
egoísta, por não te ter dado mais de mim, quando te dei tudo o que tinha. Mas
tu é que foste egoísta ao ponto de não veres o que se estava a passar comigo e
a exigires cada vez mais de mim.
Mas isso não conta, pois
não? Porque nesta história eu sou a má, a fria, e tu és a minha vítima, que não
fez mais do que me amar.
A verdade é que, pondo as
culpas de lado, estávamos à procura de coisas diferentes. Naquele dia, quando
estávamos a falar da série "How I Met Your Mother", percebi: tu és um
Marshall à procura de uma Lily e eu sou uma Robin, caminhando em direcção à
liberdade e independência e fugindo dos Marshall's desta vida.
M.