domingo, 31 de maio de 2015

E tu? Queres alguém assim?



Quero que saibas que não quero ser só mais uma; quero ser “a tal”, a que te vai acordar com um beijo de bom dia e que te vai adormecer com um carinho de boa noite. Quero ser aquela que te vai provocar um sorriso tímido quando estiveres com os teus amigos e receberes uma mensagem minha. Quero ser aquela que te vai despertar um pequeno interesse mas um grande sentimento. Quero ser a pessoa sobre a qual recai o teu último pensamento antes de dormires e o primeiro quando acordas. Quero ser alguém que te conquiste todos os dias, alguém que não se incomode quando saires despenteado ou com uma camisa azul e umas calças amarelas. Quero ser alguém que cumpra todos os teus requisitos mas sem pressões, apenas sendo eu. Quero ser alguém por quem te apaixones um pouco mais todos os dias. Quero ser alguém que te faça morrer de orgulho com cada vitória alcançada. Quero ser alguém te apoie nos teus piores momentos, nas tuas fraquezas; alguém que te dê a mão e te ajude a levantar. Quero ser a tua “pequena”, a miúda que idealizas todas as noites. Quero ser para ti aquilo que nunca ninguém foi para mim.

E tu? Queres alguém assim?

A.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Ciclo


Ciclo é a nossa palavra – aquilo que nos define.
Engraçado que também é aquilo que define o meu livro favorito. E sabes o que mais o define? Solidão.
Começaste o ciclo, sem saberes que o era e eu sem saber no que me estava a meter contigo. Entrámos nele juntos, abraçados, de mãos dadas. Entrámos nele como entramos na água onde nos vamos afogar – com prazer, ao início, mas com uma dor insuportável quando nos afogamos.
Engraçado como a dor e o prazer andam de mãos dadas. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o prazer não está na dor – a dor é que reside no prazer.
Iniciaste o ciclo e com o tempo foste percebendo no que estávamos metidos. Eu só percebi depois de acabar – quando mo fizeste ver. Ainda assim, sem o saber, fui eu quem deu um fim ao ciclo. E um fim digno do mesmo.
Podes pensar que o ciclo se repetirá. Pois te asseguro que não. Foste o amor da minha vida, foste o meu romance favorito, mas o meu romance favorito é definido pela solidão e de solidão estou eu farta.

Por isso, quando me acusas de não ter sido sincera contigo, de ter planeado acabar a nossa não-relação depois de termos passado a noite juntos, na manhã em que acordássemos ao lado um do outro, tens razão. Foi isso que planeei. Mas, como te disse, qual a melhor maneira de fechar um ciclo do que fazê-lo como se começou?

M.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Vai e volta nunca foi o meu forte.


Vai e volta nunca foi o meu forte. Sempre acreditei que se vai é porque não é meu, e se não é meu já não volta. Acontece que agora é diferente. Foi e agora quer voltar. Mas quem me garante que tendo ido da primeira vez, não vai uma segunda?
Sinto falta. Muita mesmo. Mas tenho medo de voltar a arriscar. Tenho medo de voltar a dar tudo de mim por alguém que pode voltar a não dar nada. Desta vez está em jogo a lei da reciprocidade: dou o que me dão, não dou nada a mais.
Se tenho medo? A toda a hora! Como é que eu vou negar? Não sei, mas é algo que vou descobrir.
Queres voltar? Podes tentar mas ficas já avisado que vai ser difícil. Vai e volta nunca foi o meu forte.

A.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Se só tens metade de ti para oferecer, não quero nada


Queres sempre tudo pela metade. Metade de mim, metade de uma relação. E o pior é que eu te queria. Mas não pela metade – queria-te todo, completo.
Agora chega. Chega de metades. Não sou a metade da laranja – sou a laranja toda.
Sei que esperas que te dê metade de mim de novo, daqui a uns anos, quando as saudades dos nossos momentos forem impossíveis de suportar. Mas não o vou fazer. Dei-te metade de mim, querendo dar-te tudo. Mas tu não quiseste aceitar-me toda e só me deste metade de ti. 
Não correu bem. Esperei aquilo que sabia que não podia ter. Esperei de ti aquilo que eu sabia que não eras capaz de me dar. E magooei-me. E o pior é que não me magooei pela metade. Magooei-me por completo.
Por isso, se só tens metade de ti para oferecer, não quero nada. Se, quando voltares, só quiseres metade de mim, perdoa-me. Mas desta vez não levas nada.

M.

sábado, 23 de maio de 2015

Prometeste. Prometeste e não vais cumprir.



Prometeste. Prometeste e não vais cumprir. Prometi e não me permites que honre o meu compromisso. E as nossas férias juntos? E a minha viagem de sonho? A viagem que prometeste que faríamos; a viagem onde serias o meu “guia turístico”, onde me ias mostrar tudo? E os planos realizados? E as danças de sábado à noite? E todos aqueles “quero acordar do teu lado”? E quando falávamos num possível casamento? E aquelas vezes em que te dizia que ia buscar-te ao aeroporto? E todas aquelas vezes em que dizíamos que íamos cuidar um do outro?

As férias são agora uma mera ilusão. A viagem de sonho contigo não passará disso mesmo: um sonho. Não serás o meu guia nem me mostrarás todos aqueles lugares que conheces tão bem. Os planos não serão reais. As danças de sábado à noite vão perder todo o seu significado por não serem partilhadas contigo. Já não vais acordar do meu lado nem irei ouvir o teu “bom dia” pela manhã. Casamento nem de perto nem de longe. Não fui, sequer, ao aeroporto porque não quiseste. Já não vou poder cuidar de ti e isso é das coisas que mais dói.
Sempre gostei de honrar os meus compromissos mas desta vez não pude fazê-lo porque não permitiste. Só pergunto uma coisa: sabias que não ias cumprir? Então porque é que prometeste?
Prometeste. Prometeste e não vais cumprir.


A.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Levo comigo um pouco de ti



Ainda levo comigo um pouco de ti. Sempre levarei, eu sei. É difícil não levar quando há uma história como a nossa, quando há memórias como as que construímos, quando se passa pelo que passámos juntos. E, por isso, levar-te-ei sempre no meu coração. Num pequeno cantinho reservado a ti e a nós.
O teu bocadinho mexe. Mexe quando ouço as nossas músicas, quando vejo a nossa fotografia, quando sinto o teu perfume no ar. Mexe quando passo pelos nossos sítios, quando vejo os nossos filmes, quando leio a fita de finalista que me escreveste. Todos os dias mexe um bocadinho. E há dias em que mexe muito.
Lembro-me de tudo. De todas as nossas conversas, dos planos que fazíamos, de quando falávamos sobre como seria se vivêssemos juntos. Lembro-me das vezes em que me convidaste para momentos românticos em S. Martinho do Porto ou num pequeno apartamento na zona histórica de Lisboa. Planos que não se cumpriram, mas que permaneceram na minha memória, sempre com a expectativa de que, um dia, se cumprissem.
Levo comigo um pouco de ti e sempre levarei. Sempre que adormecer, lembrar-me-ei das nossas noites juntos, das noites em que dormíamos agarrados um ao outro, das noites em que podia fingir que era amada. Sempre que acordar, lembrar-me-ei das nossas manhãs, das manhãs em que eu passava a mão pelo teu cabelo e te dava beijinhos na testa para acordares, das manhãs em que me beijavas e me dizias “bom dia” mesmo depois de já me teres dado o melhor “bom dia” de sempre.
Levo comigo um pouco de ti. Plantaste esse bocadinho em mim há cinco anos. Deixaste-o crescer sempre com a promessa do teu regresso. E agora permanece aqui, enraizado, entranhado no meu coração. Daqui já não sai. Levarei sempre comigo um pouco de ti.
Mas agora arranjei espaço para um bocadinho de outro alguém. És insubstituível, sim. Mas não quiseste ser o meu único, o meu tudo. Esse lugar será para outra pessoa. Alguém que leve também um bocadinho meu sempre consigo. Alguém com quem eu mexa sempre que ouvir as nossas músicas, os nossos filmes, sempre que sentir o meu cheiro, sempre que passar pelos nossos lugares. Alguém que se lembre de tudo e que cumpra as suas promessas. Alguém que se aventure comigo pelo mundo fora. Alguém que durma agarrado a mim, não para fingir que é amado, mas para o saber. Alguém que faça tudo para acordar todos os dias ao meu lado.
Levo comigo um pouco de ti, sim. Sempre levarei. Mas, agora, também levo comigo um pouco de alguém onde eu queria que estivesses. Onde não quiseste estar. Onde outro quis pertencer.

M.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Não voltes, por favor.


Se me perguntassem há dois meses, só pedia que voltasses. Hoje…? Hoje não sei se quero. Hoje sinto-me mais insegura do que antes; tenho mais medo agora do que em qualquer um dos dias em que estive presa a ti. Ainda estou. Ainda te amo. Vou sempre amar. De forma diferente, talvez, mas vou sempre amar.
Algumas pessoas perguntam-me como foi possível ter a certeza de que te ia amar desde a primeira vez em que te vi; outras perguntam-me, até, como foi possível apaixonar-me em tão pouco tempo. Nunca soube dar uma resposta a nenhuma dessas pessoas. Para dizer a verdade, nunca consegui dar uma resposta a estas perguntas a mim mesma. Apaixonei-me e pronto. Sem explicações. Simplesmente aconteceu.
Tinha a certeza que sim: que tu eras o homem que ia dar brilho à minha vida. Deste. Durante um tempo deste. Hoje vejo o quão fraca fui, o quão fraca estou a ser. Não quero permitir que entres novamente na minha vida, depois do fim a que tive direito – após três meses. Tenho medo de cair outra vez. Porque ainda te amo. E vou sempre amar.
Acredito que és o amor da minha vida. És aquele que, por mais anos que passem, eu vou lembrar sempre. Porque tudo o que passámos foi verdadeiro e só nós sabemos isso. Mas como alguém me disse um dia «ele é o amor da tua vida, mas nós nunca ficamos com o amor da nossa vida».
Sei que se voltares isso vai-me fazer mal. Não por ti, não por mim, simplesmente porque sim. Não voltes apenas porque sei que não vou conseguir resistir-te e vais voltar à minha mente constantemente; vou ser fraca e aceitar-te de volta porque te amo, quando sei que não é isso que mereces. Hoje digo-te adeus e só te peço: não voltes, por favor.

A.

domingo, 17 de maio de 2015

Antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que...





Antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que quando gosto, gosto mesmo. Quando conseguires que os meus muros caiam, não há volta a dar. Vou precisar muito de ti e vou ser o teu pilar sempre que precisares de mim. Não conseguirei ser feliz contigo se não te entregares da mesma forma que me entregar a ti. Porque, no amor, a reciprocidade é crucial.
Antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que não sou perfeita. Tenho os meus defeitos – muitos -, tenho o meu passado, os meus complexos, os meus problemas, os meus medos e os meus demónios. Tenho a minha bagagem. E, apesar de saber que as pessoas, homens ou mulheres, não são todas iguais, não sou uma tábua rasa. Haverá situações que me invocarão más recordações e terei medo que me faças passar pelo mesmo que outros me fizeram passar.
Antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que tenho medo do abandono. Tenho medo de ficar sozinha, tenho medo que me deixem ou que se esqueçam de mim, tenho medo que se vão embora sem uma explicação. Foi isso que conheci vezes demais de muitos que me eram mais próximos. Só preciso que tenhas paciência e me mostres que não o farás.
Antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que não me dou facilmente. Talvez por saber que não sou fácil. Talvez porque nunca ninguém me quis toda, completa, mas apenas aquilo que era mais fácil de ter e de lidar.
Mas, antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que, depois de me entregar, vou até ao fim do mundo por ti. Vou aturar as tuas imperfeições e aprender a amar cada uma delas. Vou sair da minha zona de conforto para me aventurar contigo. Vou dar-te tudo de mim e confiar que me dês tudo de ti.
Antes de te apaixonares por mim, quero que saibas que serás só tu.

M.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Sei lá, hoje tenho saudades tuas.




Hoje tenho saudades tuas. Estou a pensar em ti desde que acordei. Sei lá, tenho mesmo saudades… Tudo me faz lembrar de ti.

O fim chegou. Demorou mas chegou. Não é novidade nenhuma: todos sabem que não estava pronta para um final assim. Um final cru, rápido e doloroso.

Dia após dia insistia em procurar todos os defeitos que estavam em mim e que te tinham feito afastares-te. Seria baixa demais? Seria gordinha demais? Seria insistente demais? Seria sonhadora demais? Faltava uma justificação, não sei…

Eis que chegou a tal “explicação”. Afastaste-te por não seres pessoa para mim; afastaste-te por não me poderes dar nada de ti quando eu estava disposta a dar-te o melhor de mim.

Tenho pena. Tenho pena que não tenha resultado. Tenho pena que tenhas perdido alguém que faria tudo por ti. Tenho pena por mim também. Tenho pena de não ter podido mostrar-te tudo o que valia.
Agora restam as recordações: as datas, as palavras ditas e escritas, os olhares trocados, os sorrisos de cumplicidade e as músicas ouvidas e dançadas, cantadas e partilhadas por nós. Agora restam apenas as lembranças e a vontade de fazer tudo de novo, de fazer tudo o que não foi feito.

Sei lá, hoje tenho saudades tuas.

A.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Queria poder odiar-te


Queria poder odiar-te. Queria pensar que me usaste, que nunca me gostaste, que sempre fui uma brincadeira para ti. Queria pensar que estiveste estes cinco anos a gozar com a minha cara, que no final tudo se resumiu ao sexo e que nunca quiseste realmente saber de mim. Queria pensar que fui um brinquedo para ti.
O que me arrasa é saber que não. É saber que não me usaste, é saber que gostas de mim, que signifiquei algo para ti, por pouco que tenha sido. É saber que tudo o que aconteceu nestes cinco anos foi sincero, que não se resumiu ao sexo e que queres realmente saber de mim. É saber que tive importância – alguma, pelo menos. É saber que, por muito que tente, não te consigo odiar. Não te odeio porque te gosto. E gosto-te muito, acredita.
Arrasa-me tudo isto porque torna tudo mais difícil de lidar. Faz-me questionar sucessivamente porque é que cortaste pela raiz algo tão bonito e verdadeiro. Faz-me questionar a minha capacidade de ser amada, se valho a pena o esforço. Se tu, que me conheces melhor do que muita gente, não me amaste, quem amará?
Queria poder odiar-te. Queria pensar que nunca me gostaste. Mas o que me arrasa é não conseguir odiar-te.
É saber que me gostas. Só não o suficiente.


M.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Ainda estou presa a ti.


Estou presa. Presa em ti; presa a ti. Sinto-me perdida. O amor que outrora sentíamos um pelo outro desvaneceu-se. O que sinto por ti permanece aqui, intacto, como uma folha de papel nunca antes rasgada; como um copo de vidro antes de me escorregar pela mão e cair no chão. O que dizias sentir por mim acabou. Acabou sem sequer me dar um aviso. Acabou sem haver oportunidade de lhe fazer uma despedida. Sem uma última carícia, um último toque, um último beijo. Foi tudo tão rápido. Gostava que tivéssemos uma última conversa para desvendar todo o mistério que foi este final a que tivemos direito.
Tínhamos tudo para dar certo mas não demos e, em parte, sinto-me culpada. Sinto que sentias que faltava algo em mim. Nunca chegaste a dizer-me o quê e, se ficar a depender de que me digas, ficarei na ignorância por muitos dias, meses, talvez até anos. Porque sei que não vais dizer-me. Como nunca disseste o quanto gostavas de mim, de verdade. Era tudo dito da boca para fora, não era? Se não era, é o que dás a entender agora.
Nada do que passámos me sairá da memória. Passem os anos que passarem. Tudo ficará aqui gravado. A primeira troca de olhares naquele restaurante; a primeira mensagem; a primeira saída; a primeira dança; a primeira chamada; aquela noite – oh, aquela noite de Dezembro que passámos a dançar numa discoteca em Lisboa… As idas à praia; o que prometemos e o que não vamos cumprir – não porque não queira, mas porque não permites que seja cumprido. Nada disso sairá da minha memória. E sabes porquê? Porque foi por ti que me apaixonei. De verdade. A ti me entreguei sem medos nem receios. Quis entregar-me sem medo de perder. Sem medo de te perder. E no fim perdi-te, mesmo sem sequer te ter.
Perdoa-me. Perdoa-me por não ter sido a miúda que idealizaste. Perdoa-me por não ser aquela com quem imaginaste ter uma vida (embora o tenhas mencionado algumas vezes). Perdoa-me por não ter sido a tua escolhida.
Agora só quero que me libertes. Liberta-me deste sentimento de culpa que tenho. Preciso que me libertes e que me deixes ir, que me deixes seguir com a minha vida. Só assim serei feliz. Embora o quisesse ser contigo, e só contigo, se não for para ser, liberta-me para que eu encontre o meu caminho.

Hoje ainda me sinto presa. Presa em ti; presa a ti.
A.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Carta que nunca te enviei


G.,
Com tanta gente a quem pertencer, tinha de te pertencer a ti, que não te pertenço e que não me pertences.
Levo comigo um bocadinho de ti, onde quer que vá. A nossa fotografia (lembras-te?) está sempre comigo, levo-a para todo o lado, para poder olhá-la sempre que sinto a tua falta. Quase te consigo tocar, quase consigo sentir o teu cheiro, quase consigo passar a mão no teu cabelo (sabes como adoro). A nossa música (tu sabes) segue-me para todo o lado. Se eu largar, eu sinto a sua falta; se eu agarro, ela perde a cor. Foi sempre isto que nos definiu, não foi?
Nunca te entendi completamente. Creio que criaturas selvagens não são para serem entendidas, mas admiradas. E eu, claramente, te admiro. Desde o início. Desde os meus doces 16 anos.
Tenho saudades das nossas noites. Das noites em que nos deitávamos aconchegados um no outro e não nos largávamos nem a dormir. Das noites em que eu podia pousar a minha cabeça no teu peito e tu dizias “Vês? Não estás melhor assim? É a melhor almofada”. E era, G., e era. Das noites em que nos ríamos e cantávamos as músicas dos desenhos animados da nossa infância. Das noites em que víamos filmes. Das noites em que me dizias que parecíamos um casal junto há 20 anos. E parecíamos, G., e parecíamos. Parecíamos um casal que está junto há 20 anos, mas com a sua paixão de lua de mel intacta, de tão íntimos que éramos.
Custa-me rever as nossas memórias na minha mente. Custa-me porque tínhamos tudo para dar. Mas não demos nada. E eu pensei que te podia ter.
Sempre me perguntei, e sempre me perguntarei, o porquê. Porque é que não tentámos mais? Porque é que não o permitiste? O que é que me falta? Porque é que não sou suficiente para ti? Porque tu sempre me chegaste e sempre me foste suficiente.
Não há respostas. Não mas deste na nossa última conversa. Se calhar, também não as tens. Então, assim, diz-me: como? Como esqueço uma pessoa que nunca tive, que nunca pude ter? Como esqueço algo que acabou mas que nunca começou? Como esqueço algo que podia ter nascido, mas que foi cortado pela raiz como se de uma erva daninha se tratasse? Como esqueço alguém e algo que não tentei e que não sei porque acabou antes de começar?
Vou recordar, para sempre, as tuas palavras. “A vida é feita de ciclos e os ciclos tendem a repetir-se”.
Talvez um dia o ciclo se repita e comece a girar ao contrário. Talvez um dia o que acabou entre nós comece sem acabar de novo. Porque pior que um “e não viveram felizes para sempre” é um ponto final onde devia estar uma vírgula.


M.