quinta-feira, 30 de junho de 2016

A carta que nunca te enviei III


Hoje despeço-me de ti. A derradeira despedida ao fim destes seis anos de encontros e desencontros, alegrias e tristezas, despedidas e reencontros.
Tornei-me fria, com o tempo. O sofrimento, a desilusão e a solidão fazem isso às pessoas. Por isso, não te consegui dizer o que tinha aqui guardado quando te despediste de mim. Não te consegui dizer que também gosto muito de ti, que também espero que sejas feliz e que também te agradeço.
Parte de mim deseja que fiques. Parte de mim sente a tua falta e é a mesma parte que te quer comigo. Porque parte de mim não te esqueceu, apesar de toda eu querer acreditar que sim.
Foste o melhor. E sei que não vou encontrar mais ninguém que me faça sentir como me fizeste sentir. Como me fazias sentir. Porque, sério ou não, completo ou não, foste o amor da minha vida. E não me arrependo de nada que tivesse a ver contigo.
Então, adeus. Espero que sejas feliz. E mais importante que isso: espero que te encontres.

Com saudade,

M.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Carta a ti, que me desiludiste.




Querido "tu", que me desiludiste,
Não te queria escrever uma carta porque tinha prometido fazê-lo apenas ao grande amor da minha vida e como é óbvio, não o és – podias até ter sido, mas abandonaste esse papel ainda antes de o teres agarrado definitivamente. Decidi escrever-te na mesma porque… sei lá, acho que ainda te respeito e merecias isto.
Desiludiste-me imenso. Não, isto não é o típico cliché de quem é deixada numa relação. É verdade. Desilusão passou a ser a palavra que te define na minha cabeça depois de saber de tudo o que aconteceu. Não vou entrar em detalhes porque a nossa relação só a nós nos dizia respeito, mas garanto-te que merecias ser envergonhado e enxovalhado à força toda. (Desculpa, a raiva falou mais alto).
Não vou dizer que não passei bons momentos contigo. Estaria a mentir se o fizesse. No fundo, acho que isso é a única coisa que tenho a agradecer-te ao longo destes dois meses, porque sim, fizeste-me sentir coisas que já não sentia há imenso tempo. No entanto, não te perdoo por me teres abandonado. Não te perdoo pelo tempo que me pediste quando dizias continuar a gostar de mim. Não te perdoo por não teres corrido atrás de mim quando viste que a tua “nova relação” te tinha trazido consequências negativas. Não te perdoo.
Tenho pena de ti. Agora tenho. Pela situação que estás a passar, por sentir a tua dor quase como se fosse minha – continuo burra, mas acredita que passa. Hás de te recompor, hás de sair dessa e espero que encontres o teu caminho, que não faças com mais ninguém aquilo que fizeste comigo, porque trocar-me por uma aventura foi uma das piores asneiras que podias ter feito.
Desejo-te felicidades e espero que tudo o que passámos de mau deixe de me atormentar.
Da tua ex,
A.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Bati no fundo


Desisto. Desisto de tentar ser feliz. Perdi a minha fé. Em tudo. Tudo me frustra, me stressa, me cansa. Tudo se junta na minha mente num aglomerado de emoções com as quais não consigo lidar. Principalmente porque não as consigo sentir. Não sinto nada. Estou apenas saturada.
O meu corpo já não é o meu. Já não tenho controle sobre ele.
Arrependo-me das vezes que me deixei invadir. Que deixei que invadissem o meu templo. Das mãos que me tocaram sem que eu quisesse. Quantos banhos tomei desde esse dia? Serão, alguma vez, suficientes?
A minha fé já não é minha. Foi-se. Desapareceu e fugiu sem deixar rasto. Escapou-me das mãos e não quis voltar.
Não tenho esperança no futuro. Não vou concretizar os meus sonhos, não me vou sentir realizada. Não vou ter filhos. Não vou ter alguém com quem partilhar o resto da minha vida. Não vou ter o meu emprego de sonho.
Hoje bati no fundo. Afundei-me como um navio naufragado. E descobri o que acontece quando chegamos ao fundo: o peso da água impede-nos de subir à superfície - não nos levantamos.

M.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Estou "bem" assim.




Depois da minha última “não relação”, achei que devia dar um tempo. Achei que não me envolver com ninguém era o melhor que tinha a fazer. Por vezes os momentos de carência tinham tendência a ser mais fortes e, infelizmente, não os podia evitar. Estava sozinha mas não queria estar. Uns tempos depois já queria e precisava do meu espaço (só meu!) de novo. Até que tu apareceste. Meio vindo do nada começaste com sorrisos que de algum modo mexiam comigo. Não dei importância porque queria estar sozinha. Estar sem ninguém até podia ser bom. Mas aí começaram as conversas a acompanhar os sorrisos… Onde é que eu me estava a meter? Não me queria deixar envolver, estava bem sozinha!
Não era justo envolver-me com alguém sem querer, sem ter vontade ou sem nutrir o mesmo sentimento que a pessoa tinha por mim. Pelo menos na minha cabeça não era… Mas aconteceu. Deixei-me levar. Acreditei que me estava a ser dada uma nova oportunidade de ser feliz ao lado de outra pessoa e essa pessoa eras tu. Acreditei. Acreditei mesmo. Mas percebi que, mais uma vez, mais valia não me ter deixado levar. Foste mais um erro na minha vida e no fim fui só eu que sofri.
A partir de agora o “tempo” que disse que precisava depois da minha última “não-relação” é o tempo que preciso depois da minha última relação. Aquela que prometeste que ia durar e que não previas ter um fim. Hoje não quero mais ninguém, hoje sei que estou e vou continuar melhor sozinha. Estou “bem” assim. E a carência? A carência que se lixe!
A.