Quando olho para trás, há muitas coisas que me arrependo de ter
feito. Pessoas com quem me arrependo de ter estado, atitudes que me arrependo
de ter tido, palavras que me arrependo de ter dito. Enfim, momentos e épocas da
minha vida sobre os quais daria tudo para poder passar uma borracha por cima e
fazê-los desaparecer para todo o sempre no cosmos do passado, algures longe das
minhas memórias.
No entanto, as poucas coisas que me arrependo de não ter feito são
as que me matam, as que me roem por dentro, as que me visitam os sonhos e me
põem frustrada comigo própria.
Tu. Tu és um arrependimento. Por não ter feito mais, por não ter
tentado mais, apesar de saber que fiz quase tudo o que estava nas minhas mãos.
Ainda assim, és uma incógnita do destino. Uma criatura mítica. Uma prova do meu
falhanço. Uma oportunidade perdida. Um projecto inacabado.
Agora, nunca saberei que papel terias na minha vida. Nunca saberei
quem serias para mim.
E é isso que me mata. É isso que me rói por dentro. Saber que não
explorei todos os caminhos. Saber que faça as escolhas que fizer, estarei
sempre na dúvida se tu eras melhor escolha.
Perguntar-me, sempre que penso em ti, "porque é que
desististe de algo que prometia tanto?".
M.