sábado, 27 de junho de 2015

Carta para o meu irmão


Perdas são sempre duras e custam sempre imenso tempo a passar. Foste embora e não me deste tempo sequer para me despedir de ti. Não avisaste que ias embora. Não avisaste… Porque é que não me ligaste a pedir ajuda? Porque é que não me mandaste uma mensagem? Porquê, mano?
Sabes? Quando tudo aconteceu eu estava a arrumar o meu quarto e encontrei coisas tuas. Olhei para elas, sorri e pensei para mim mesma que no verão, quando viesses, ia gozar contigo. Mas não vieste… Quando a minha mãe entrou no quarto e me deu a notícia, caiu-me tudo. Só quis ficar sozinha. As lágrimas que ainda não tinham secado, devido a outra perda recente, voltaram a apoderar-se de mim.
Com o passar do tempo fui aceitando mas até hoje não compreendo. As lágrimas foram dando lugar a sorrisos e gargalhadas mas em datas com a de hoje elas tornam-se novamente inevitáveis. Tinhas mesmo que ir embora, mano?
Hoje sinto-me uma pessoa mais forte. Hoje acho que estou preparada para encarar o que der e vier na minha vida. Hoje tenho consciência de que não te posso pedir que voltes, por isso peço-te apenas que esperes por mim. Espera por mim, mano. E quando eu chegar dá-me aquele abraço que nunca mais me tinhas dado. Podes esmagar-me e encher-me de mimos. Eu prometo que deixo e não me chateio.
Amo-te muito. Olha por mim aí de cima, sim?
Tenho muitas saudades tuas.

A.

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