terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A carta que nunca te escrevi. - parte 2





Olá. De novo. Volto a escrever para ti.
Há coisas que não se esquecem. Se soubesses o quanto me marcaste… E marcas. Mas não são marcas físicas (antes fossem). São cicatrizes mentais e, tal como já referi, são coisas que não se esquecem, coisas que não se explicam.
Durante todo este ano questionei-me sobre qual seria o meu problema, sobre o porquê de não estares do meu lado, sobre o porquê de, ainda assim, eu continuar tão presa a ti. Várias foram as vezes em que me questionei sobre o porquê de teres vindo se não era para ficares. Estava tão presa a ti quando já não queria e só pensava que se era para me prenderes a ti, que fosse para não mais me largares. De certa forma, sim, não me largaste. Não me largaste porque também tu estavas preso a mim. Não como eu queria, mas estavas (e estás).
Confesso que só te queria a ti. Com todos os teus defeitos e imperfeições que te tornam perfeito aos meus olhos. Não precisavas de mudar nada. Eu queria-te assim. Foi assim que te conheci, foi assim que me apaixonei. No entanto não quiseste aproveitar tudo aquilo que estava disposta a dar-te – e, acredita, ia dar-te o melhor de mim.
Nunca vou conseguir explicar-te o quão enraizado ainda te encontras em mim e, certamente, permanecerás assim durante bastante tempo, mas vou desfazer-me da parte má disso para não continuar a sofrer.
Foi um ano de amores e desamores, ilusões e desilusões, encontros e desencontros, discussões e pazes feitas, desafios, descobertas, novos projectos, perdas e ganhos, lágrimas e surpresas. Foi um ano a pensar em ti e foi um ano que não vou esquecer. Porque não te quero esquecer.
Ainda te amo. Vou sempre amar. Até um dia, quem sabe…
A.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Carta que nunca te enviei II


G.,
De entre tantos sentimentos que me provocaste, hoje só tenho um: pena. Pena de ti, pena da tristeza que é a tua vida, pena da tristeza que é o teu carácter (ou a falta dele). Tenho pena que sofras de um problema que afecta muita gente, mas que a mim, felizmente, nunca tocou: o de não ver quando temos alguém especial diante de nós.
Fui para ti o que ninguém, até àquela altura, foi para mim. Fui amante, amiga, namorada, mãe - tudo na mesma pessoa, só para ti. Esperei por ti como nunca fiz ninguém (e a ti muito menos) esperar por mim. Esperei de ti muito menos do que o que tinhas de mim. Sofri por ti como nunca sofreste por ninguém. Amei-te como nunca amaste ninguém. Considerei-te o amor da minha vida sem realmente saber o que isso significava.
Mas, sabes?, tudo passou. Quando te vi, naquele dia, não senti nada. Agora, não passas de "só mais um".
Hoje vejo o que me recusava antes a ver: também fui "só mais uma" para ti. "A gaja das quecas" - como tantas vezes insististe que não o era, porque sabias como a verdade me era dolorosa.
Sabes? Tanta vez pedi que abrisses os olhos, que me visses, que me correspondesses no meu sentimento. Mas ainda bem que isso não aconteceu. Mereço mais que isso. E tu nunca me mereceste. Tantas vezes me questionei "qual é o meu problema?" sem conseguir encontrar a resposta. Pois hoje encontrei-a: o meu problema era ser demasiado boa para ti.
Agora quero que te vás. E não voltes. Não por medo de vacilar, mas porque não vale a pena. Tu não vales a pena.
Morreste-me.
Adeus.


M.

Queres ler o primeiro texto "Carta que nunca te enviei"? Clica aqui.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

(Sem título)





Sabes quando sentes que a tua missão acabou? Que o teu dever foi cumprido? Que as coisas acabaram sem mesmo terem começado? E sabes quando sentes que ele já não sente nada quando está contigo e tu… tu sentes pouco? Não há sensação mais frustrante do que aquela que sentes quando já sabias que as coisas não davam mas tentaste mais uma vez. Mas ao mesmo é gratificante. Acredita em mim.
Talvez isso só sirva para mostrar o quão forte és e para as pessoas saberem que lutas até ao fim pelos teus objectivos, mesmo quando a força já acabou, mesmo quando já estás no fundo do poço. Mas até que ponto é que isso te faz bem? Até que ponto é que aquilo que tu aparentas aos outros é melhor do que aquilo que tu sentes?
Eu sinto-me aliviada. Triste, obviamente, mas aliviada, sabes? As coisas não correram como planeado, mas foi porque não era para ser. Se queria? Claro que queria que tudo tivesse dado certo logo à primeira, ou à segunda, ou à terceira… Mas se não deu… Não posso fazer nada. Ao menos sei que tentei.
A.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Tudo tem um fim

Sabes? O sofrimento tem um fim. Os ciclos viciosos acabam. E chega uma altura em que consegues dizer adeus às pessoas que não te fazem bem. Chega uma altura em que aquele de quem pensavas depender para sempre morre em ti.
Os dias tornam-se melhores. Vais esquecendo aquela pessoa a quem chamavas o "amor da tua vida". Vai deixando de ser importante. Vai deixando de te fazer sentir saudades quando pensas nos momentos que passaram juntos. Vais começando a perceber que as coisas não eram tão boas como pensavas. E descobres, finalmente, o que significa alguém ser o "amor da tua vida" -  percebes que é aquele que te quebra e te tira todas as esperanças que alguma vez tiveste de ser feliz; é aquele que suga a tua energia, a tua paixão, o teu amor e te vicia como se fosse uma droga; mas é aquele que te prepara para a pessoa certa. Só assim a conseguirás ver quando estiver diante de ti. E nessa altura saberás: a pessoa certa é aquela que te fará sentir como o "amor da tua vida" nunca te fez sentir - amada. Correspondida.
Chega uma altura em que, finalmente, o que queres e o que precisas se torna o mesmo; em que o cérebro e o coração passam a concordar. Chega uma altura em que percebes que, de facto, tudo o que te faz mal tem um fim e, como toda a gente, tu também mereces ser feliz.

M.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Como perco algo que nunca tive?





“Como posso perder algo que nunca tive” é uma boa questão para começar este texto. Certamente vocês vão dizer-me “se nunca foi teu então não perdeste”, mas não é bem assim. Perdi. Perdi de novo.
Perder está a tornar-se uma constante na minha vida. Antes resumia-se apenas aos jogos com os meus amigos. Hoje aplica-se a tudo na minha vida. Perdi pessoas, perdi amizades, perdi amores. E, com tudo isso, estou a perder-me de mim mesma, estou a perder a minha essência. No passado não te queria perder e acabei por deixar isso acontecer de forma inconsciente. Naquela altura não te sabia tão próximo de mim, não queria ver para lá do que dava para ser visto a olho nu. Hoje, olhando para trás, dou conta que te perdi por medo, por distracção, pela minha instabilidade constante. Perdemos os dois. Hoje sei que te perdi novamente porque tinha que ser, porque não era para ser. Estava destinado. E sim, tu “pertenceste-me” e eu perdi-te.
A.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Sabes? Gosto de nós


Gosto de nós.
Gosto da maneira como, contigo, tudo faz sentido. Gosto de como tornas tudo mais simples e fácil quando estou contigo. Gosto de quando me consegues acalmar nos momentos em que estou mais stressada e já não consigo ouvir ninguém e tu permaneces calmo como se tudo estivesse sob controlo.
Gosto de quando passas a tua mão na minha perna quando estou a conduzir. Gosto dos nossos passeios longe de casa, do trabalho, dos problemas.
Gosto das nossas brincadeiras parvas, de andarmos de mãos dadas e da nossa felicidade. Gosto que me faças rir constantemente e que tornes o meu mau feitio menos comum. Gosto da maneira como olhas para mim e de quereres sempre saber em que estou a pensar.
Gosto da nossa reciprocidade e do bem que me fazes.
Gosto da forma como te tornaste tão importante em tão pouco tempo.
Gosto de quando falas num futuro longínquo e me incluis nele, com a certeza de que estaremos juntos.
Gosto da forma como me fazes ter fé quando já não me restava nem um pouco.
Gosto de ti.
E, sabes? Gosto de nós.

M.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Sei que hoje morreste (um pouco) em mim.




Adorava o teu sorriso mas tornaste-te tão frio que ele agora me é indiferente. Sabes? Foste tu que me fizeste parar de insistir e, consequentemente, desistir de ti. Mas já não me faz diferença. Tu quiseste assim. Foi a tua escolha. E eu não podia continuar presa a um passado que me fazia mal. Porque foi um ano que passou, precisamente um ano! E sempre que pensava em ti, durante esse ano, eu estava bem, eu sorria, eu sentia-me feliz, apesar de não te ter a acordar do meu lado como gostaria. Mas eu era feliz, não inteiramente mas em parte era, sim, feliz. Mas agora isso já não acontece. Eu já não sou feliz quando penso no nosso passado tão remoto e trémulo. Já não… Agora só me sinto mal, sinto-me estranha com a tua indiferença. Agora sou eu que já não quero mais. Embora me custe a admitir, é um passo que tenho que dar sozinha e estou pronta para o fazer. Vais deixar saudade, não nego, mas vou guardar só os bons momentos para recordar mais tarde – mas não sempre, que isso matar-me-ia a mim também.
Ainda que não seja por inteiro, sei que hoje morreste um pouco em mim.
A.