segunda-feira, 29 de junho de 2015

Limbo

Diz-se que só é biologicamente possível estarmos apaixonados durante quatro meses. Que, passado esse tempo, ou deixamos de estar apaixonados, ou o sentimento passa a amor.
Há cinco anos que estou apaixonada por ti. Há cinco anos que sinto o mesmo, sempre ali no limbo entre o amor e o esquecimento, sempre inclinando ora para um lado, ora para o outro, mas mantendo-me sempre na corda bamba que é a paixão.
Como? Eu vou-me apaixonando “às pinguinhas”. Apaixono-me sempre que me beijas. Ou beijavas. Apaixonava-me sempre que pousavas a cabeça no meu ombro. Apaixonava-me sempre que me puxavas para ti, para dormir no teu peito. Apaixonava-me quando encomendavas uma pizza e te lembravas que eu gostava de ananás, cogumelos e bacon, mas não de chouriço. Apaixonava-me quando dizias “dá beijinho” e, se eu desse, comentavas logo “até te estou a estranhar”. Apaixonei-me quando te vi vestido para a gala, aquela que seria a última noite contigo. Apaixonei-me de todas as vezes que nos envolvemos no ritual que performamos tão bem juntos. Apaixonei-me por ti centenas de vezes, ao longo destes cinco anos.
É assim que me mantenho no limbo.
Pode ser que agora a paixão caia, finalmente, no esquecimento. Já vive há demasiado tempo. Mas algo me diz que me assombrará a vida toda, que acabará no dia que não vem. Ou não fôssemos nós o romance mais bonito que vivi. Não fosse este o amor da minha vida. 


M.

sábado, 27 de junho de 2015

Carta para o meu irmão


Perdas são sempre duras e custam sempre imenso tempo a passar. Foste embora e não me deste tempo sequer para me despedir de ti. Não avisaste que ias embora. Não avisaste… Porque é que não me ligaste a pedir ajuda? Porque é que não me mandaste uma mensagem? Porquê, mano?
Sabes? Quando tudo aconteceu eu estava a arrumar o meu quarto e encontrei coisas tuas. Olhei para elas, sorri e pensei para mim mesma que no verão, quando viesses, ia gozar contigo. Mas não vieste… Quando a minha mãe entrou no quarto e me deu a notícia, caiu-me tudo. Só quis ficar sozinha. As lágrimas que ainda não tinham secado, devido a outra perda recente, voltaram a apoderar-se de mim.
Com o passar do tempo fui aceitando mas até hoje não compreendo. As lágrimas foram dando lugar a sorrisos e gargalhadas mas em datas com a de hoje elas tornam-se novamente inevitáveis. Tinhas mesmo que ir embora, mano?
Hoje sinto-me uma pessoa mais forte. Hoje acho que estou preparada para encarar o que der e vier na minha vida. Hoje tenho consciência de que não te posso pedir que voltes, por isso peço-te apenas que esperes por mim. Espera por mim, mano. E quando eu chegar dá-me aquele abraço que nunca mais me tinhas dado. Podes esmagar-me e encher-me de mimos. Eu prometo que deixo e não me chateio.
Amo-te muito. Olha por mim aí de cima, sim?
Tenho muitas saudades tuas.

A.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Temos tudo para ser, temos tudo para dar


Temos tudo. Tudo para ser e tudo para dar. Basta que me deixes.
Deixa-me amar-te, deixa-me cuidar de ti. Deixa-me apoiar-te quando caíres (shh, eu sei que cais, por vezes, embora prefiras fazê-lo na tua solidão). Deixa-me estar lá, ao teu lado, para o que der e vier. Deixa-me ir ao fim do mundo por ti. Deixa-me ser a rapariga que mais gosta de ti. Deixa-me chegar onde mais ninguém chegou.
Porque é que em vez de fazermos memórias não fazemos um futuro?
Porque nós temos tudo. Tudo para ser. Tudo para dar. Tudo para tornar isto na mais bela obra de arte. Basta que me deixes.
Espero por ti, como sempre esperei. Espero pelo momento em que estiveres preparado. Preparado para mim, preparado para o início da tua vida.
E quando voltares verás que nada mudou. Verás que tudo se mantém, como sempre se manteve. A confiança, a intimidade, o à-vontade. 
Porque nós temos tudo. Tudo para ser, tudo para dar.

M.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Será que ainda te lembras de mim?


Será que ainda te lembras do meu toque? Será que ainda te lembras dos meus beijos? Será que ainda te lembras do cheiro do meu perfume? Será que ainda te lembras da sensação de teres as minhas mãos à volta do teu pescoço? Será que ainda te lembras da minha voz no teu ouvido? Será que ainda te lembras de quando eu cantava para ti? Será que ainda te lembras das chamadas longas? Será que ainda te lembras dos nossos encontros? Será que ainda te lembras das nossas idas à praia? Será que ainda te lembras do nosso último encontro, quando nos deitámos na areia e nos esquecemos do resto do mundo? Será que ainda te lembras de quando me dizias que nos íamos casar? Será que ainda te lembras das vezes em que te pedia para abrires as minhas garrafas de água, por não ter força? Será que ainda te lembras das nossas tentativas falhadas de dançar na areia? Será que ainda te lembras de quando me agarraste, no meio do nada, olhaste para mim e disseste “também vou sentir saudades tuas”? Será que ainda te lembras de tudo o que passámos ao longo daqueles poucos mas excelentes meses? Pois eu lembro-me. Lembro-me de tudo. A minha memória não falha, quando o assunto és tu… Porque é que não quiseste que isto resultasse? Porque é que não quiseste que eu fosse a tua “número 1”? Porque é que não deixaste o que sentias ser maior do que o que querias aceitar?

Só tenho uma pergunta para ti: será que ainda te lembras de mim?

A.

domingo, 21 de junho de 2015

Perdemos


Perdi-te. Por achar que te tinha acabei por te perder. Perdi todos os planos que fazia contigo. Perdi a esperança que tinha de que os nossos filhos iriam ter uns olhos castanhos-avelã como os teus. Perdi a convicção de que ia poder chamar-te “meu amor” cada vez que adormecesse e acordasse ao teu lado. Perdi a confiança que tinha em mim… Aquela confiança que só existia quando estavas perto de mim. Perdi todo o conforto que tinha quando os teus braços estavam à minha volta, quando me abraçavas. Perdi um pouco da força que tinha para me defender do mundo a partir do momento em que te foste embora e não disseste adeus.
Mas tu também perdeste. Perdeste alguém que nunca vais conseguir substituir. Modéstia à parte, penso que ninguém te vá dar o amor que eu estava disposta a dar; penso que ninguém se vá entregar de corpo e alma como eu quis fazer. Espero que tudo isto não seja da forma como imagino; espero que encontres alguém melhor que eu, até. Mas com tanto amor para dar, não creio…
Perdemos muito um do outro. Perdemos.

A.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Para uma irmã de coração


Ei, tu aí. Sim, tu. Gosto muito de ti. Tenho saudades tuas.
Desculpa se às vezes sou bruta, desculpa se às vezes não vejo como falo nem atento ao que digo. Desculpa. Não queria que nos chateássemos. Mas às vezes é difícil.
Nestes dias só tenho pensado na nossa amizade. No que já fizemos uma pela outra. No carinho que tenho por ti e no apoio que me dás. Nunca tive uma amizade assim, entendes? Não a quero deitar por terra. Mas às vezes é difícil.
Estiveste presente sempre que precisei, aturaste-me no meu pior e mantiveste-te ao meu lado. Estiveste lá mesmo quando não podias estar fisicamente presente. Aturaste as minhas parvoíces, os meus dilemas, os meus desabafos. Aturaste-me a falar sobre o mesmo rapaz durante dias, semanas, e sabias sempre o que ia acontecer a seguir. Aturaste as minhas dúvidas, os meus medos, os meus problemas. Conheces-me como poucos e conheces as minhas fragilidades tão bem como as minhas fortalezas. Foste mais que uma amiga – foste uma irmã.
És uma princesa. És carinhosa, gostas de cor de rosa, de romance e de contos de fadas. Mas também és uma guerreira. São poucos os que conseguem lidar com problemas como os teus. E tu não só lidas com eles como também passas por cima deles com uma força que é só tua.
Agora? Agora quero recuperar tudo o que ainda não foi perdido. Quero voltar à nossa amizade. Não tem de ser difícil desta vez. Aceitas-me?

Ei, tu aí. Sim, tu. Gosto muito de ti. Tenho saudades tuas.

M.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Esquecimento Eterno

Mais uma vez deixamos um texto de um seguidor que o quis partilhar connosco :) Façam como este seguidor e enviem-nos os vossos textos!


"Tu és pó". O pó preocupa muitas donas de casa desesperadas, mas esse é o menos importante. Refiro-me ao pó situado sete palmos abaixo de terra. Um misto de ossadas, com matéria orgânica não decomposta (maravilhas da química...!), envergando um fato e gravata, ou um vestido bonito para cobrir a barriga, (porque pode ser complicado vestir as costas de um corpo congelado na morgue, principalmente se este tiver sido obeso) deitado confortavelmente numa caixa de madeira forrada, situado no seu lote da Quinta das Tabuletas. Hoje, o "pó" intrigou-me a mim.
Os cemitérios nunca tiveram significado para mim. Pelo menos nunca tive receio de seres cuja vida já terminou. Mas o acaso e a circunstância levam-nos a situações que podem não ser novas, mas que despertam novas maneiras de pensar.
Olhei em redor, e pensei no que aquele local esconderia, e no que significa para todas as pessoas que se ocupam em preenchê-lo de flores. Em concreto, para as pessoas que não se limitam a lá ir anualmente no "dia que os demónios escolheram para se relembrar dos nefilins seus filhos, mortos no dilúvio'' (dia de Finados) ou colocar flores de plástico, quase tão eternas quanto o descanso da pedra da lápide, a menos que o vento as leve para uma campa alheia.
Quando dei por mim, já não estava em cima do saibro que envolve todo o lugar. Estava a andar em cima duma pedra rectangular, rente ao chão. Tinha algumas letras, mas eram ilegíveis. O que quer que aquela pessoa tenha sido, já não passava duma pedra velha e desgastada, com um 'psicopata' vivo a caminhar em cima.
Onde se lê saudade em todas as outras campas, naquela só poderia estar escrito esquecimento. Bom, talvez ninguém pudesse cuidar daquela campa.
Cada uma é embelezada da sua maneira, flores, cruzes, lápides, pedra bonita... Menos aquela. Pedra velha e dura, razando o nível do solo, com musgo velho a cobrir uma qualquer inscrição. Enquanto, quem olhasse, poderia ler cada frase de cada uma das outras sepulturas, ali estava, perante mim, uma que mais ninguém quis ler...  Tudo o resto começou a parecer fútil. Flores de plástico. Restos de vela. Palavras bonitas como...todas as outras.
Por momentos, aquela simples pedra, era a única que senti que não estava vazia. Mesmo que já ninguém saiba, mesmo que mais ninguém se importe, mesmo que ninguém a veja, coberta por musgo, e escondida no seio de todas as lápides que emergem do saibro, está lá a pedra. Com algo escrito, que ninguém sabe o quê. Apenas espero que não seja mentira.
Quando a minha vez chegar obviamente não me vou importar com nada disto. Se me importasse, de certeza que escolheria algo simples. Como uma pedra plana. E com algo que não fosse mentira. Não gostaria, por exemplo, que me escrevessem 'Eterna Saudade'. Seria mentira. Uma completa mentira.
Poderia até haver quem tivesse saudades, o que duvido. Mas de uma coisa não tenho dúvidas, até mesmo aqueles que escrevessem 'Eterna Saudade', haveriam de se esquecer. Nem que fosse no dia da sua chegada à Quinta das Tabuletas. E, mais tarde ou mais cedo, seja numa sepultura de uma pedra rasa, ou não; legível, ou com musgo, a única coisa que será eterna, será o esquecimento.
FF

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O que se passa com a amizade?


«O que se passa com a amizade?». Assim começa um anúncio super inovador e cheio de verdade criado pela Super Bock.
Hoje rimos, amanhã discutimos; hoje brindamos, amanhã brigamos; hoje cuidamos, amanhã desapegamos. O que se passa convosco? O que se passa com o mundo? Uma amizade é feita de altos e baixos – sim, é verdade. Mas cabe a cada um de nós fazer com que os “baixos” sejam reduzidos e, se puder ser, evitados. Sou apologista de que devemos expor sempre o que sentimos, mesmo que isso vá ser mal interpretado e traga consequências. Aplico isto a tudo na vida e, naturalmente, à amizade também.
Não gostas? Diz. Fala. Grita. Liberta. Chora. Mas faz algo! Não fiques parado(a) à espera que as coisas mudem e melhorem. Tens que fazer por isso. Se tu não fizeres, ninguém faz. Brigas fazem parte mas então e o que é feito dos bons momentos vividos? São esquecidos?
Abre a tua mente e não deixes que ela te continue a mentir constantemente. Tu queres falar. Tu queres pedir desculpa. Tu queres assumir que erraste. Tu queres a tua amizade de volta. Tu queres o amor que vias naquela pessoa. Mas também queres um pedido de desculpa. Também queres um abraço e queres ouvir um “vai ficar tudo bem, já passou”. Então pede isso. Não te fiques a lamentar: age!
Hoje em dia amizades verdadeiras são raras e tudo o que eu acho é que as temos que valorizar para que se prolonguem o mais possível. Então guarda essa amizade e dá sempre o melhor de ti sem esperares receber nada em troca.
O que se passa com a amizade? A amizade verdadeira está sempre lá, só precisa de ser mais valorizada. Leva a amizade a sério.

A.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Para o meu pai


Se há alguém com razão para odiar homens, essa seria eu. E mesmo assim ando aqui feita parva e feminista a lutar pelos vossos direitos enquanto tal.
Dizes que não sou fácil. Como querias que fosse fácil com um passado como o meu? Gostas de pegar no teu passado para te desculpabilizares, para te fazeres de vítima. Mas todas as más consequências que tiveste foram fruto das tuas, e apenas tuas, escolhas. E, mesmo assim, não sabes lidar com elas. Pior é quando os teus problemas, o que te limita, são fruto das escolhas de outros, de quem estás dependente. Não te queixes quando tiveste a liberdade para cometer os teus erros e a liberdade para acatares com as suas consequências. As consequências das tuas escolhas, não dos outros.
Não estiveste presente, mas não cresci sem pai, no entanto. Tive duas figuras paternais que, sei hoje, foram fulcrais para o meu processo de crescimento e de socialização. Estiveram presentes quando tu devias ter estado. Não tive falta de amor e por isso estou grata.
Foi preciso teres voltado para descobrir a metade de mim que faltava. Faltava, não – ela sempre lá esteve -, eu é que não sabia da sua existência. Foi preciso teres voltado para descobrir uma família nova que, apesar da sua ausência, gosta de mim e me acolhe e me faz sentir bem. Foi preciso teres voltado para descobrir a outra versão da história, uma versão mais real mas mais bonita do que a que me era contada. E por isso estou, também, grata. Grata por ter descoberto o que me faltava, grata por saber de onde vim. Porque só quando sabemos as nossas origens podemos saber para onde vamos.
Mas por muito que tentes, por muito que te esforces, nunca vais ser meu pai, verdadeiramente. Perdeste essa oportunidade quando me viraste as costas, quando era mais difícil educar-me, quando era mais difícil ser pai. Decidiste voltar quando era tudo mais fácil, para tranquilizar a tua consciência, provavelmente.
Por uns tempos, fizeste-me acreditar que tinhas mudado e muitas vezes dei por mim a defender-te, a defender as tuas razões, que pensei serem mais nobres do que realmente eram.
Prometeste. Prometeste, mas não cumpriste.
Sei que já estou habituada, ou deveria estar, a promessas não cumpridas. Sei que muitos me vêem como forte e por isso a mágoa que me causam parece ter mais legitimidade – “ela é forte, ela aguenta”. O problema é que não sou tão forte quanto me pintam e tenho as minhas fragilidades – muitas. Estou cansada de me fazer de forte, de aguentar, de encarar os problemas de frente e com sarcasmo e, quando dou por mim sozinha no meu quarto, chorar – chorar tudo, chorar o desespero, o cansaço, a mágoa, a desilusão.
Por isso, não me prometas mais nada. E não esperes mais de mim. A meu tempo, quando conseguir esquecer, irei ter contigo. Mas lembra-te: nunca serás para mim o que deverias ter sido.

Eu sou para os outros o que os outros são para mim.

M.

sábado, 13 de junho de 2015

O problema está em ti.



O problema está em achares que é a idade que faz a maturidade. Está em achares que por alguém ser mais novo do que tu não te vai fazer bem. Está em achares que não te vai fazer feliz porque não se encontra ao mesmo nível que tu – seja ele qual for. O problema está em quereres sempre tudo dentro dos padrões. Está em desvalorizares quem te quer bem só porque te dizem que deves fazê-lo. O problema está em não te mostrares liberal. Está em não aceitares a diferença. Está em não quereres ver o que está mesmo à tua frente. Está em colocares os padrões sociais à frente dos padrões morais. Isso é estigmatizante. É preconceituoso. É mau! Não só para ti mas para quem te rodeia.
Não desvalorizes ninguém só porque é mais novo do que tu; porque pensas que sabes mais. Não! Não é assim. A experiência de vida dá-te mais maturidade do que pensas e, às vezes, uma pessoa com 15 anos pode já ter passado por mais do que uma pessoa com 30.
Para um bocadinho. Pensa por ti, com a tua cabeça, não com a dos outros. Vê o mundo pelos teus olhos, não pelos olhos da sociedade. Faz a diferença.
O problema não está nos outros. O problema está em ti.

A.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

E quando o ciclo se repete?



E quando o ciclo se repete? E quando o que deste por terminado volta, para te assombrar, para te relembrar, para te fazer mal - ou bem (nunca se sabe como o ciclo vai acabar).
Pus um travão no nosso ciclo. Custou, mas fi-lo. Tinha de ser. Queria de ti o que não estavas disposto a dar-me a mim, mas a outra pessoa.
Passei mal, mas não chorei. Prometi a mim mesma que não o faria. Em vez disso, limitei-me a sobreviver. A sobreviver sem ti, mas com o teu fantasma em todo o lado e, muitas vezes, o teu corpo mesmo. Não podes imaginar o que me custava ver-te todos os dias depois de acabarmos, cumprimentar-te, sentir o teu cheiro, beijar-te (mas não onde queria) e abraçar-te e ficar contigo entranhado na minha roupa, porque no meu corpo e na minha alma já estás entranhado há muito tempo. Não imaginas a dor de te ver naquela sexta-feira, no enterro do caloiro, quando te olhei lá de cima, nas escadas onde estava sentada, e me retribuíste o olhar, que durou até eu não aguentar mais e sair dali. Sei que, até voltar, o teu olhar me procurou e só descansou quando voltou a pousar no meu.
Passei semanas em que só pensava em ti e só falava de ti. Em que todos os dias via a nossa foto e só queria que a pudesse apresentar um dia aos meus futuros filhos, como sendo a primeira foto dos seus pais juntos, mas sabendo que nunca poderás ser o pai dos meus filhos, apesar de seres tudo o que eu queria.
Depois de tudo, depois de morrer por dentro cada vez que estive contigo por saber que não podia ter mais do que uma simples "curte", pensei que nunca voltaria a passar pelo mesmo. Tinha dado um fim ao ciclo e ele tinha terminado.
Mas agora voltaste... Voltaste e disseste-me que a mulher por quem me trocaste uma segunda vez vai sair do país. O meu maior obstáculo saiu do caminho...
E dou por mim a querer voltar a "ter-te" mais uma vez. E dou por mim a esperar que, desta vez, me queiras dar o que sempre te ofereci.
Talvez... Talvez agora seja diferente.
Sim, somos o casal mais estranho de sempre, não temos nada a ver um com o outro. O Freud divertir-se-ia connosco. Eu ajo como se fosse tua mãe e tu tanto ages como se fosses uma criança, como te tornas no meu porto de abrigo nos meus dias de tempestade.
Mas talvez... Talvez a única maneira de quebrar o ciclo seja não o quebrar de todo.

M.

terça-feira, 9 de junho de 2015

(In)Decisão


Por vezes somos confrontados com decisões que temos que tomar, com escolhas que temos que fazer. Neste momento é essa a minha posição. Neste momento tenho que fazer uma escolha, tomar uma decisão difícil. Essa escolha, quer seja feita de uma forma ou de outra, quer seja sim ou não, vai trazer consequências para alguém e essas consequências não são boas.
Odeio ter que tomar uma decisão quando me encontro nesta indecisão. Odeio ser eu a ter que tomar o controlo da situação quando tudo o que mais queria era desaparecer e deixar os problemas de lado.
Preciso de tempo. Preciso do meu tempo. Preciso que entendam que não posso tomar este tipo de decisões do dia para a noite. Preciso que vejam que é uma escolha complicada. Preciso que não me pressionem. Preciso do meu espaço. Preciso, sobretudo, que não me digam “faz isto que é o melhor” ou “não, aquilo é que é o melhor para ti”. Chega! A vida colocou-me esta in(decisão) nas mãos e preciso do meu tempo para me desfazer dela, sem pressão.

A.

domingo, 7 de junho de 2015

Liberta-te



Desde sempre somos confrontados com a irrealidade. Somos confrontados com contos de fadas, com “e foram felizes para sempre”, com príncipes perfeitos, com princesas perfeitas, com histórias de amor intermináveis e amor à primeira vista. Somos confrontados com a ideia de que devemos pôr sempre quem amamos em primeiro lugar, que devemos fazer tudo por aquela pessoa, que devemos correr atrás dela, que nunca devemos desistir do amor.
Mas a vida ensina-nos o contrário. E a vida é cruel – só deixa viver aqueles que souberem entrar no jogo e sair dele vitoriosos.
As fadas não existem. Nem as bruxas más. Existe a vida, sim, e os seus obstáculos. Ninguém é feliz para sempre. A felicidade é momentânea e é pautada por momentos de tristeza – sempre. Todas as histórias de amor têm um fim – mais cedo ou mais tarde. Não existe amor à primeira vista – existe atracção e feromonas. Primeiro estamos nós e é a nós que devemos amar primeiro. Não devemos correr atrás de ninguém - se a outra pessoa quisesse estar connosco, não fugia. E, assim, há momentos em que devemos desistir do amor. Há momentos em que “o amor é uma doença, quando nele julgamos ver a nossa cura”.
Por isso, liberta-te. Liberta-te da irrealidade, liberta-te do que te faz mal.

E, agora, sente-te – és livre.

M.

sábado, 6 de junho de 2015

Eu quero-te completa, não só pela metade.

E aqui fica o primeiro texto partilhado connosco por um seguidor da página. Esperemos que gostem tanto quanto nós :)



Está sensivelmente a fazer um ano que a vi pela primeira vez, era verão, estava calor, o céu estava limpo e o mar calmo, o dia perfeito para conhecer tal beleza, tinha os olhos verdes, lindos e com um ar calmo, o cabelo da cor do fogo e um corpo quente como um dia de verão. Conheci-a através de um amigo de infância, com que já tinha partilhado muitos momentos, confesso que fiquei um pouco envergonhado ao cumprimentá-la… Lembro-me que falámos um pouco por mensagens, queria conhecê-la, saber quem era, o que fazia, o que estudava o que queria ser no futuro… Combinámos um café, fomos até ao Jukebox, um pequeno pub no centro da Ericeira, falámos de tudo um pouco, discutimos estilos musicais, cores favoritas, tatuagens, um pouco de tudo, mas o meu olhar focava-se no brilho do olhar dela, não sei explicar mas sentia um clima um pouco intenso entre nós, perguntava-me que sabor teria o batom vermelho que ela usava, a que cheiravam aqueles caracóis vermelhos do seu cabelo. Passámos um tempo sem falar, e um dia senti a necessidade de dizer-lhe que naquela noite naquele pequeno pub senti uma atracção entre nós, um clima diferente a que estava habituado, e ela confirmou que também sentiu qualquer coisa, e aí admiti que gostava de ter uma aventura com ela, e novamente ela volta a confirmar que também gostava de tê-la, mas naquela noite, naquela altura, naquele momento a cabeça dela estava com outra pessoa, não ali, comigo… Esta semana combinámos e tomar café, fui buscá-la a uma festa de anos, numa casa que sabe Deus onde fica… Entrou no meu carro, cumprimentamo-nos e lá fomos nós. Fomos tomar café ao Café da Vila em Mafra, mais uma vez falámos de tudo e mais alguma coisa, trocámos sorrisos, olhares e algumas histórias, falámos de amores passados, paixões inacabadas… Passado algumas horas deixei-a em casa, faltavam poucas horas para o sol acordar e iluminar os céus... Não a podia deixar ir embora, eu desejava-a, queria o abraço dela, nesse momento não tive medo, atirei-me de cabeça e mergulhei fundo, não podia ser tímido, eu sei que vai valer a pena, até que deixei tudo para trás e só levei a vontade, a vontade de sentir os seus lábios, o seu perfume quente, os seus caracóis na minha cara. Uma vez li, “não deixes nada por fazer, não deixes nada por amar, não deixes nada por escrever, se me queres, não me vires as costas, mantém-te ao meu lado, lembra-te de mim”.
GF

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Como posso confiar em ti?


Como posso confiar em ti? Como posso voltar a entregar-me? Depois do que aconteceu da primeira vez, devias saber que tenho medo. Deixaste-me com medo. Tornaste-me fria. Não sei se és o homem ideal e, da primeira vez, estava disposta a tentar perceber isso. Agora? Agora não sei se consigo fazê-lo. Não consigo acreditar que algum dia te possas entregar como eu estava disposta a fazê-lo.
Prometeste que nos casávamos daqui a uns anos. Prometeste dar-me amor e respeito. Depois abandonaste-me. E agora? Agora queres ter tudo de novo. Mas quem me garante a mim que não vai ser tudo igual? Quem me garante que não vamos começar bem, como da primeira vez, e depois te vais afastar de novo? Tenho que ter garantias; tenho que ter certezas. Não quero voltar para algo que se pode revelar novamente uma ilusão. Falhaste comigo no passado, confiar em ti agora é complicado.
Não sei se consigo. Como posso confiar em ti?

A.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Queres-me?


Se me queres, mostra. Sem medos, sem reservas. Atira-te de cabeça, mergulha fundo e aproveita o prazer que é estar imerso na própria paixão.
Se me queres, vem. Não sejas tímido – vem só. Vais ver que vale a pena. Vem como se fosses viajar – deixa tudo para trás, leva só a tua vontade.
Se me queres, aceita-me. Aceita-me toda, não deixes por aceitar. Não deixes nada por fazer, não deixes nada por amar, não deixes nada por escrever. Aceita-me só.
Se me queres, não me vires as costas. Mantém-te ao meu lado, lembra-te de mim, não vás embora. Não me abandones.
Mas se não me queres assim tanto, vai. Se não me queres o suficiente, não venhas. Se não me queres toda, completa, os meus defeitos e os meus complexos, nem te preocupes em vir.

Se queres, mostra, vem, aceita, não vás embora. Mas só se quiseres mesmo. Só se quiseres tudo.
M.