Sei que, provavelmente, me odeias.
Afinal, envolvi-me com aquele de quem gostas e por quem farias qualquer coisa.
Mas quero que saibas que o sentimento não é mútuo. Não te odeio. Pelo contrário
– tenho pena.
Se calhar, ter pena de ti é pior do que
odiar-te. Mas é o que sinto. Sei como ele faz sofrer as pessoas que o amam. Não
intencionalmente, claro. Mas, sem querer, acaba por fazê-lo. E eu posso
imaginar o que já sofreste e sofrerás com ele.
Posso imaginar porque também eu, mesmo sem
termos namorado, sofri com ele. E o facto de não ter havido um compromisso
entre nós fez-me sofrer mais do que se tivesse havido. Porque eu senti-o como
uma relação séria, mas sem o direito a pedir mais, sem o direito a reclamar por
me dar de menos.
Ganhaste. Ele percebeu o quanto gostas
dele. Ele disse-me que tu eras a pessoa que mais tinha gostado dele. Não sabes
o quanto me magoou aquele telefonema. Aquele maldito telefonema. Eu
respondi-lhe “sabes lá tu... Sabes lá tu”. Também eu gostava – e gosto – muito
dele. Sabia que me ia magoar na proporção do que sentia – e sinto – por ele. E
doeu tanto... Espero que um dia ele tenha a percepção do que eu sinto por ele e
do que perdeu comigo, como teve contigo.
Para concluir, e não me odeies mais do
que já me odeias, sinto que não és a pessoa certa para ele. Não por problema
teu – mas por falta dele. Acredito que a pessoa certa é aquela que nos faz
feliz como nós a fazemos feliz. Acredito na reciprocidade. E ele, mesmo sem
querer, não te fará feliz. Creio que ele não encontrou a pessoa certa, ainda.
Ou, se encontrou, ainda não sabe.
Descansa. Também não sou eu. E ele
sabe-o. Ele nunca me faria feliz, apesar de ser tudo aquilo que sempre quis.
De qualquer das formas, lembra-te:
ganhaste. É a segunda vez que me troca por ti. Nunca entenderei as razões da
escolha dele, mas não te odeio. Só te invejo. Por teres dele mais do que eu
alguma vez tive. Por teres dele aquilo que sempre quis ter.
M.
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