Não consigo imaginar quantas vezes já
disse a mim mesma que não te deixava voltar mais. Sempre que te ias embora,
fazia-o. E sempre que voltavas, deixava-te entrar na minha vida de novo,
dava-te tudo o que querias de mim, entregava-me a ti de corpo e alma. Mas,
sabes?, sabia sempre que te irias embora de novo, mais cedo ou mais tarde;
sempre tive isso bem presente na minha mente.
Todos me diziam “não sabes o futuro”
quando previa as tuas acções antes de tu sequer as pensares. Mas quando a
história é sempre a mesma, já se sabe como vai acabar. E a nossa história passa
a vida a repetir-se.
A verdade é que sempre gostei de ver os
mesmos filmes várias vezes, ler os mesmos livros repetidamente. Há sempre algo
que me escapou das outras vezes. Mas, aqui, a única coisa que me escapa és tu.
E, desta vez, quem vai escapar sou eu.
Sim, sei que já o disse várias vezes e
acabava sempre por te deixar voltar. Desta vez pode ser igual, mas a verdade é
que nunca estive tão determinada. E sabes porquê? Sabes o que me alimentou esta
determinação? Tu. Bati no fundo, desta vez. Sofri como nunca tinha sofrido
contigo. Cansaste-me. Fizeste-me questionar o meu valor, fizeste-me questionar
o meu papel neste mundo. E fizeste-me ver que, no final de contas, quem esteve
presente fui eu, ao contrário do que sempre pensei. Fizeste-me perceber que
quem não tem valor és tu. És tu que não me mereces. E eu não perco tempo com
quem não perde o seu comigo.
Se custa? Oh, se custa. Olhar para trás
e ver o que em cinco anos estive demasiado cega para ver. Se não sinto a tua
falta? Oh, se sinto. E, ao contrário de ti, o que eu sinto mais falta não é do
sexo (a única esfera da tua vida onde me querias) – é das noites em que
dormíamos juntos, que faziam com que todo o sofrimento quase valesse a pena.
Mas, a longo prazo, custará mais e
sentirei mais a tua falta se voltar a cair no erro de te aceitar de volta e
deixar que me arrastes para as mesmas situações que me fizeram bater no fundo.
Por isso, adeus e obrigada. Por me teres
tornado na mulher que sou hoje. Afinal de contas, nunca ninguém me enganou tão
bem quanto tu e, graças a ti, mais ninguém o conseguirá fazer.
M.
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