quarta-feira, 13 de maio de 2015

Queria poder odiar-te


Queria poder odiar-te. Queria pensar que me usaste, que nunca me gostaste, que sempre fui uma brincadeira para ti. Queria pensar que estiveste estes cinco anos a gozar com a minha cara, que no final tudo se resumiu ao sexo e que nunca quiseste realmente saber de mim. Queria pensar que fui um brinquedo para ti.
O que me arrasa é saber que não. É saber que não me usaste, é saber que gostas de mim, que signifiquei algo para ti, por pouco que tenha sido. É saber que tudo o que aconteceu nestes cinco anos foi sincero, que não se resumiu ao sexo e que queres realmente saber de mim. É saber que tive importância – alguma, pelo menos. É saber que, por muito que tente, não te consigo odiar. Não te odeio porque te gosto. E gosto-te muito, acredita.
Arrasa-me tudo isto porque torna tudo mais difícil de lidar. Faz-me questionar sucessivamente porque é que cortaste pela raiz algo tão bonito e verdadeiro. Faz-me questionar a minha capacidade de ser amada, se valho a pena o esforço. Se tu, que me conheces melhor do que muita gente, não me amaste, quem amará?
Queria poder odiar-te. Queria pensar que nunca me gostaste. Mas o que me arrasa é não conseguir odiar-te.
É saber que me gostas. Só não o suficiente.


M.

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