Ciclo é a nossa palavra – aquilo que nos
define.
Engraçado que também é aquilo que define
o meu livro favorito. E sabes o que mais o define? Solidão.
Começaste o ciclo, sem saberes que o era
e eu sem saber no que me estava a meter contigo. Entrámos nele juntos,
abraçados, de mãos dadas. Entrámos nele como entramos na água onde nos vamos
afogar – com prazer, ao início, mas com uma dor insuportável quando nos
afogamos.
Engraçado como a dor e o prazer andam de
mãos dadas. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o prazer não está na dor –
a dor é que reside no prazer.
Iniciaste o ciclo e com o tempo foste
percebendo no que estávamos metidos. Eu só percebi depois de acabar – quando mo
fizeste ver. Ainda assim, sem o saber, fui eu quem deu um fim ao ciclo. E um
fim digno do mesmo.
Podes pensar que o ciclo se repetirá.
Pois te asseguro que não. Foste o amor da minha vida, foste o meu romance
favorito, mas o meu romance favorito é definido pela solidão e de solidão estou
eu farta.
Por isso, quando me acusas de não ter
sido sincera contigo, de ter planeado acabar a nossa não-relação depois de
termos passado a noite juntos, na manhã em que acordássemos ao lado um do
outro, tens razão. Foi isso que planeei. Mas, como te disse, qual a melhor
maneira de fechar um ciclo do que fazê-lo como se começou?
M.
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