quinta-feira, 21 de maio de 2015

Levo comigo um pouco de ti



Ainda levo comigo um pouco de ti. Sempre levarei, eu sei. É difícil não levar quando há uma história como a nossa, quando há memórias como as que construímos, quando se passa pelo que passámos juntos. E, por isso, levar-te-ei sempre no meu coração. Num pequeno cantinho reservado a ti e a nós.
O teu bocadinho mexe. Mexe quando ouço as nossas músicas, quando vejo a nossa fotografia, quando sinto o teu perfume no ar. Mexe quando passo pelos nossos sítios, quando vejo os nossos filmes, quando leio a fita de finalista que me escreveste. Todos os dias mexe um bocadinho. E há dias em que mexe muito.
Lembro-me de tudo. De todas as nossas conversas, dos planos que fazíamos, de quando falávamos sobre como seria se vivêssemos juntos. Lembro-me das vezes em que me convidaste para momentos românticos em S. Martinho do Porto ou num pequeno apartamento na zona histórica de Lisboa. Planos que não se cumpriram, mas que permaneceram na minha memória, sempre com a expectativa de que, um dia, se cumprissem.
Levo comigo um pouco de ti e sempre levarei. Sempre que adormecer, lembrar-me-ei das nossas noites juntos, das noites em que dormíamos agarrados um ao outro, das noites em que podia fingir que era amada. Sempre que acordar, lembrar-me-ei das nossas manhãs, das manhãs em que eu passava a mão pelo teu cabelo e te dava beijinhos na testa para acordares, das manhãs em que me beijavas e me dizias “bom dia” mesmo depois de já me teres dado o melhor “bom dia” de sempre.
Levo comigo um pouco de ti. Plantaste esse bocadinho em mim há cinco anos. Deixaste-o crescer sempre com a promessa do teu regresso. E agora permanece aqui, enraizado, entranhado no meu coração. Daqui já não sai. Levarei sempre comigo um pouco de ti.
Mas agora arranjei espaço para um bocadinho de outro alguém. És insubstituível, sim. Mas não quiseste ser o meu único, o meu tudo. Esse lugar será para outra pessoa. Alguém que leve também um bocadinho meu sempre consigo. Alguém com quem eu mexa sempre que ouvir as nossas músicas, os nossos filmes, sempre que sentir o meu cheiro, sempre que passar pelos nossos lugares. Alguém que se lembre de tudo e que cumpra as suas promessas. Alguém que se aventure comigo pelo mundo fora. Alguém que durma agarrado a mim, não para fingir que é amado, mas para o saber. Alguém que faça tudo para acordar todos os dias ao meu lado.
Levo comigo um pouco de ti, sim. Sempre levarei. Mas, agora, também levo comigo um pouco de alguém onde eu queria que estivesses. Onde não quiseste estar. Onde outro quis pertencer.

M.

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