sábado, 26 de dezembro de 2015

Carta que nunca te enviei II


G.,
De entre tantos sentimentos que me provocaste, hoje só tenho um: pena. Pena de ti, pena da tristeza que é a tua vida, pena da tristeza que é o teu carácter (ou a falta dele). Tenho pena que sofras de um problema que afecta muita gente, mas que a mim, felizmente, nunca tocou: o de não ver quando temos alguém especial diante de nós.
Fui para ti o que ninguém, até àquela altura, foi para mim. Fui amante, amiga, namorada, mãe - tudo na mesma pessoa, só para ti. Esperei por ti como nunca fiz ninguém (e a ti muito menos) esperar por mim. Esperei de ti muito menos do que o que tinhas de mim. Sofri por ti como nunca sofreste por ninguém. Amei-te como nunca amaste ninguém. Considerei-te o amor da minha vida sem realmente saber o que isso significava.
Mas, sabes?, tudo passou. Quando te vi, naquele dia, não senti nada. Agora, não passas de "só mais um".
Hoje vejo o que me recusava antes a ver: também fui "só mais uma" para ti. "A gaja das quecas" - como tantas vezes insististe que não o era, porque sabias como a verdade me era dolorosa.
Sabes? Tanta vez pedi que abrisses os olhos, que me visses, que me correspondesses no meu sentimento. Mas ainda bem que isso não aconteceu. Mereço mais que isso. E tu nunca me mereceste. Tantas vezes me questionei "qual é o meu problema?" sem conseguir encontrar a resposta. Pois hoje encontrei-a: o meu problema era ser demasiado boa para ti.
Agora quero que te vás. E não voltes. Não por medo de vacilar, mas porque não vale a pena. Tu não vales a pena.
Morreste-me.
Adeus.


M.

Queres ler o primeiro texto "Carta que nunca te enviei"? Clica aqui.

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