G.,
De
entre tantos sentimentos que me provocaste, hoje só tenho um: pena. Pena de ti,
pena da tristeza que é a tua vida, pena da tristeza que é o teu carácter (ou a
falta dele). Tenho pena que sofras de um problema que afecta muita gente, mas
que a mim, felizmente, nunca tocou: o de não ver quando temos alguém especial
diante de nós.
Fui
para ti o que ninguém, até àquela altura, foi para mim. Fui amante, amiga,
namorada, mãe - tudo na mesma pessoa, só para ti. Esperei por ti como nunca fiz
ninguém (e a ti muito menos) esperar por mim. Esperei de ti muito menos do que
o que tinhas de mim. Sofri por ti como nunca sofreste por ninguém. Amei-te como
nunca amaste ninguém. Considerei-te o amor da minha vida sem realmente saber o
que isso significava.
Mas,
sabes?, tudo passou. Quando te vi, naquele dia, não senti nada. Agora, não
passas de "só mais um".
Hoje
vejo o que me recusava antes a ver: também fui "só mais uma" para ti.
"A gaja das quecas" - como tantas vezes insististe que não o era,
porque sabias como a verdade me era dolorosa.
Sabes?
Tanta vez pedi que abrisses os olhos, que me visses, que me correspondesses no
meu sentimento. Mas ainda bem que isso não aconteceu. Mereço mais que isso. E
tu nunca me mereceste. Tantas vezes me questionei "qual é o meu problema?"
sem conseguir encontrar a resposta. Pois hoje encontrei-a: o meu problema era
ser demasiado boa para ti.
Agora
quero que te vás. E não voltes. Não por medo de vacilar, mas porque não vale a
pena. Tu não vales a pena.
Morreste-me.
Adeus.
M.
Queres ler o primeiro texto "Carta que nunca te enviei"? Clica aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário