Não
tenho perspectivas para o futuro. Não sei o que esperar de algo tão
“inconstante”. Antes fazia planos e mais planos, imaginava cenários perfeitos
na minha cabeça, via-me com dois filhos – um casal – a brincar pela casa,
via-te a andares com os miúdos às cavalitas no paredão da nossa praia favorita
(que não sei bem qual é). Imaginava-te a deixares-te levar por mim.
Imaginava-te ao meu lado nos casamentos dos nossos melhores amigos.
Imaginava-te a tocar na minha barriga, como se estivesses à espera de algo,
quando estivesse grávida do nosso primeiro filho. Imaginava-te a caminhares
comigo sem direcção aos domingos à tarde. Imaginava-te deitado do meu lado
todas as noites. Imaginava-te a segurares a minha mão quando eu tivesse medo de
alguma coisa. Sei lá, imaginava-te presente…
“Eu
deixo-me levar pouco a pouco”, dizias tu. Lembras-te? Será que te deixaste
levar tão pouco que nem foi o suficiente para que algo mais real acontecesse
entre nós?
Hoje
só te sei dizer que não tenho perspectivas nenhumas para o futuro. O que vier,
virá e pronto. Não espero nada de ti nem de ninguém, porque eu imaginava-te
aqui do meu lado e tu não estás.
A.
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