quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Adeus.




Mesmo sem saber o que iria acontecer, foi a última coisa que te disse, cara a cara. Soou estranho aquela palavra a sair da minha boca de uma maneira tão diferente. Não foi um simples 'até amanhã', mas como poderia eu saber? Foi honesto. Prefiro não acreditar que o universo sabia o que ia acontecer, mas a verdade, é que tudo pareceu planeado.
"Não te despeças assim de mim, então!" - dizias tu com a tua voz doce, sem perceber o que eu estava a sentir, talvez pela primeira vez. Eu explico: A verdade é que eu queria mesmo despedir-me, mas também não sabia disso.

Lembro-me de competirmos inúmeras vezes para ver quem de nós era o mais teimoso. Ganhavas sempre. Quase sempre tinhas razão. Havia algo de diferente e de especial em ti. Desta vez perdeste. Eu disse que poderia ter contado o tempo até caíres em ti e perceberes mais uma vez a falta que te faço, nem que fosse para me pedires ajuda no caos a que chamas de vida. Não contei, mas podia.
É uma vitória com sabor amargo, sabes? Porque sinto a tua falta. Foi muito tempo a aprender o teu jeito de ser, muito pouco tempo para me imaginar definitivamente sem ti.
E mais uma vez tinhas razão, eu precisei aprender a não te ter. E obviamente precisavas magoar-me para eu perceber isso. Só não esperavas que eu aprendesse tão rápido.

Eu hoje vejo-te como és. O que tinhas de especial e diferente estava na maneira como eu te via e gostava de ti. Devias ter aproveitado isso. Durante anos fui para ti mais do que quem quer que fosse. Errei. Hoje vejo que não devia ter dado tanto de mim para te apoiar. Se eu fui um instrumento do teu ego, desempenhei demasiado bem o meu papel, porque tens a vida desfeita e agora achas que precisas de mim.

Mesmo depois de me teres magoado, de teres quebrado a minha confiança, de me teres feito sentir que aquilo a que mais dei valor ao longo de toda a minha vida desapareceu; depois de imaginar que a minha melhor amiga e pessoa mais importante na minha vida sublimou, tenho medo. Tenho medo de ainda gostar de ti quando te olhar nos olhos da próxima vez. Porque mentiria se dissesse que não sinto a tua falta. Vais ser as minhas melhores memórias durante muito tempo. Falta-me quase uma década de melhores lembranças para te substituir.
É aqui e agora que o impossível toma forma. Forma de esperança e do objectivo do meu futuro.

Quanto à última palavra que te disse, e que ninguém entendeu, eu explico melhor: 'adeus' não quer dizer que deixei de me importar. Apenas vou estar demasiado ocupado à descoberta do lado melhor de mim próprio na vida da qual um dia fizeste parte.

FF

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