"Amigos com
benefícios". Senti aquelas três palavras como se de um estalo na face se
tratasse. Não estava à espera. E, apesar de termos estado juntos tão pouco
tempo, senti uma dor que não sentia há muito tempo - aquela dor que sentimos
quando o fogo nos toca, aquela dor de queimadura, dentro de mim.
Não te perdoo. E não te
perdoo por uma razão muito simples: não há nada a perdoar. A culpa não é tua. A
culpa não é minha. Ambos pensámos estar na mesma página quando estávamos em
páginas diferentes.
Simplesmente atingi o meu
limite. Atingi-o quando pensava que já o tinha feito. E, ao fazê-lo, perdi a
minha fé. Não foste a causa - foste a gota de água. A gota num oceano de
desilusões, mágoas, traições. E, finalmente, transbordou. Perdi o meu chão. Perdi
a esperança no futuro. Perdi o que me prendia aqui. Deu-me vontade de
desaparecer. Deu-me vontade de me fechar no quarto, deitar-me na cama e chorar
contra a almofada. Deu-me vontade de nunca mais sair de lá e de não voltar a
ver quem quer que fosse.
A vida continua, eu sei.
Mas não hoje. Não por agora. É preciso reagir, sim, eu sei. Mas hoje não. Não
em breve. Hoje não tenho esperança. Hoje estou triste, zangada e revoltada com
a vida. Rancorosa com o amor, que nunca me sorri honestamente. Furiosa comigo
mesma por ter construído esta personagem que não sou eu, mas na qual me tornei.
Hoje quero lamentar o que perdi, o que não tenho.
Hoje não consigo lidar
com "amigos com benefícios".
Hoje preciso de mais.
M.
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