Fonte: http://thisherelight.com/post/154694931416/the-places-we-go-part-x |
Aqueles momentos em que finalmente me sinto seguro para agarrar a
minha vida com tudo o que tenho e, de repente, o chão debaixo dos meus pés
começa a rachar, como se de vidro se tratasse, e cai caco a caco, com a mesma
intensidade com que cai a chuva num dia de janeiro, e eu especado a ver
todo o tempo que demorei a chegar até ali, todas as forças e energias que
investi para que a minha presença ali se fizesse marcar a desvanecerem, como
que o meu rosto num espelho a embaciar. De repente, tudo fica turvo, nada se
reconhece, aquele sorriso que me era característico, pelo qual todos me
reconheciam começa a desaparecer, e com ele deixo também de conseguir ver a
minha alma, que se espelhava nos meus olhos, estes passam a ser nada mais nada
menos que duas linhas denegridas no tal espelho embaciado.
Já não sei quem sou, de novo volto à estaca
zero. As inseguranças voltaram, e com elas voltaram também o medo e a angústia
com que vivia. O chão que outrora parecia estar a rachar ainda aqui está, já
não é pedra sólida mas sim vidro frágil. Ainda está inteiro à espera que uma
última lágrima negra me caia pela face, para que eu possa cair também com todo
o meu caminho, naquele vazio imenso.
F. C.
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